domingo, 4 de outubro de 2009

A sala sentimental





POEMA

Duas formas para diversos
1_
Penetrei num sono profundo.
O espelho erguido mostrava quem eu era.
A minha volta ainda tudo rodava.
Subia degraus, sonhava com um perfil feminino.
Vinha-me à memória coroas.
Tudo uma sensação estranha de estar.

2_
Sentia um respirar forte.
Sentia-me estar a perder.
Estava a ser observado, estava a ser fixado.
Por aquela janela sabia que iria sair, fugir.
Não conseguia retirar o olhar daquele ponto negro.
A mão agarrava algo de suspeito.

3_
Estava pronto para uma noite bem passada.
A minha miúda estava linda.
Estava com um discurso todo floreado.
Tanta coisa que sabia que ia acontecer.
Apareceu um boneco cabeça de Mickey.
A partir daí tudo estava mal.

4_
Estava num momento pensativo.
Tudo a minha volta estava calmo.
O perfume a flor fazia-se sentir.
De joelhos e mãos no ar, a semelhança de um quadro de Goya.
Ouvia continuadamente um fado.
A pistola é um dourado.

5_
Estava com o cérebro cheio.
O regresso a natureza fazia bem.
As raizes estavam novamente a se adaptar.
Sabia que ali perdia, que morria.
Embora me sentisse bem.
Não sabia o que fazer? Sair? Ficar?

6_
Um cavalo escondido por ser lento.
Um sorriso,um belo de um sorriso.
Um nível sensorial electrónico.
Consumido pelo pixel.
Programado para satisfazer.
Máquina sem gosto para amar.

7_
Numa torre ouvia-se um cintilar de um sino.
O caminho era cansativo com vários obstáculos.
Uma paisagem criada,sonhada,feita,refeita.
No meio parei e gritei,quem sou eu?
O eco calava-se.
Pelo não sentido da situação, eu parava.

8_
Presa na mão, presa na teia.
Um corpo dado ao observador, acto voyeurista?
Passagens para outros níveis.
Jogos de sedução, de prazer.
Orgãos sexuais, visíveis, invisíveis.
Clássico? Erótico? Normal?

9_
Estava para pendurar o casaco.
De uma porta aberta saía um volume de caixas.
O cortinado revela um palco, onde poderia estar.
Grandes quantidades de folia.
Cansado do silêncio sem frenesim.
A igualdade não é bem verdade.

10_
O coração batia, está pendurado por um fio.
Um rosto aparecia, uma figura se revelava.
Fazia-se ouvir o som de tambores.
Riscas em todos os lados.
Pérolas das ilhas.
Profundo cheira a cloro.

11_
Uma mão apareceu do vazio.
Estava se a pensar uma forma de ali fugir.
Sentado em frente ao outro e silêncio.
Erguia-se uma pessoa.
Sem expressão, sem nada a dizer.
Era um paspalho, assim concluí eu.

12_
Van Gogh estava por lá.
Madame “Nez casser” estava por sua vez também ela presente.
O Sr.boneco preto aqui branco constava.
Tratava-se de uma “passerelle” .
Muito “glamour”, muito de” je ne sais quoi”
Tudo bem apresentado,representado.

13_
Uma simetria ordenava o caos
As pessoas olhavam para as coisas
O fim estava bem perto.
Os peixes por sua vez simetria mostravam.
O avião de condutor louco pousou
A calma voltava de novo.

Pedro Ferreir
a

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